segunda-feira, 22 de julho de 2013

PE-DA-ÇOS



O brilho no chão inaugurava uma curiosidade e ao mesmo tempo uma tristeza.
Muitos cacos de vidro espalhados, bem no meio da sala de jantar.
Era só um copo quebrado. Mas não era apenas um copo quebrado.
Os cacos pareciam não serem de vidro. Refletiam radiantes a luz,
mas escondiam marcas de uma noite escura. Marcas de dor.
E lá estava ela, com a voz embargada, limpando as lágrimas dos olhos,
buscando forças não se sabe de onde, mas sem conseguir juntar os tais pedaços de vidro.
Um som ecoava para além do silêncio da madrugada
e repercutia agudo no vazio da casa.
Era o soluço de uma dor que não coube no colo da noite.
De um coração que não queria perder o mesmo amor mais uma vez.
Quantas vezes? Quem é que conta as partidas, quando as chegadas
apagam qualquer passado?

Quando o amor vira dor, só o tempo é capaz de bordar surpresas.
Só a esperança é capaz de mover as águas, saudades dissolutas encharcando lembranças.

E se ele voltasse? E se dessa vez fosse tudo diferente? E se, talvez, quem sabe, um dia, nós...
Abraçou a sua esperança mais forte e enfim foi juntar os cacos espalhados pelo chão.
Pedaços de um coração destroçado sendo reconstruído, mais uma vez.

(Val Santiago &  Wendel Valadares)

Um comentário:

  1. Ê, é tão bom estar nesse cantinho, em parceria com você Val.

    Adorei nosso segundo dueto...

    Obrigado!!!

    Um beijo enorme!!!

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